terça-feira, 28 de outubro de 2008

Lembrando de esquecer


Estou perdendo aquelas lembranças nítidas do teu rosto alegre que me fazia sorrir sempre. Estão indo embora os sons da felicidade que nasciam nos abraços toda vez que chegava para me cansar de amor.

Já faz tempo que a saudade adoeceu. Ninguém consegue manter vivas e saudáveis as lembranças que foram machucadas sem piedade depois da despedida silenciosa numa cama fria.

Lembro-me que não tive coragem de te olhar nos olhos e depois, aquela vontade enorme de sair correndo , de fugir, de sumir, de dormir e nunca mais acordar.

Eu sabia, de há muito , que a estrada havia chegado ao fim justo onda havia uma placa: sem saída. Caminhamos tanto para chegar a lugar nenhum. Não estou arrependido, confesso, mas não posso esconder o gosto amargo de acordar de um sonho que aos poucos foi tornando-se em pesadelo.

Passei noites acordado, tentando escapar do pavor daquelas visões. Numa delas, assim, sem mais nem menos, descobri contando os dedos, falando sozinho, que havíamos chegado ao fim.

Nem pra frente, nem pra trás, as recordações já não surtiam o efeito conciliatório para o perdão.

Vi, dia a dia, o amor piorar, chorar, em silêncio e entrar em coma, mantido velado e em desgaste pelo respeito ao que tínhamos vividos juntos.

Assumi sozinho todas as culpas até começar a descobrir que tinha muitas razões. Sem coragem de arrancar velhas fotografias das molduras, guardei-as nas gavetas. Com esse gesto comecei a fazer meu caminho de volta. Fazer um caminho de volta pode parecer simples, mas não é.

Um caminho de volta a gente faz apagando imagens, palavras, sons, cores, cheiros, tudo. Um por um, passo a passo, sem pressa. Depois é esperar que a ferida cicatrize de vez e não olhar mais para a marca. Desde o início eu não podia esquecer que as emoções são como o vento: mudam de direção.

Não sei como, embriagado, fui esquecer disso, mas agora me pego lembrando que esqueci você.


By A. Capibaribe Neto....rsrsrsrsrsrs (como diz Clôtis)

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