sábado, 31 de outubro de 2009

Aonde nos leva o que chamamos de destino


Os fatalistas costumam dizer, diante de um revés ou de uma tragédia mais pesada, que tudo é coisa do destino, como se o destino fosse sinônimo de predestinação, de herança genética do futuro. Ora, o futuro sempre acontece depois, amanhã, no segundo seguinte, no átimo de tempo que vem a seguir. O que já passou, que faz parte da história, ninguém muda absolutamente nada: "consumatum est!" Quanto ao futuro, ao que vem logo a seguir, não aceito essa história de que tudo "maktub", melhor dizendo: "estava escrito". Algumas coisas são previsíveis, têm tudo para acontecer como se espera, mas de uma hora para outra, acontece diferente. Dizer, entre um suspiro e outro, que a maioria das fatalidades é coisa do destino é muito pobre, coisa dos agiotas da miséria, bobagens risíveis. Nós é que fazemos acontecer e aí deixa de ser destino, mais uma coisa programada. Dar certo ou não, é uma consequência, está dentro da lei das probabilidades. É o "to be or not to be", do Sir. William Shakespeare, ser ou não ser. Cada um é responsável pelo que faz, pelo que planta, pelo que cuida. Nós escolhemos se queremos ser bons ou maus, bem humorados ou constantemente mal humorados. "Carpe diem", é isso mesmo, é preciso curtir cada dia, viver cada dia, aproveitar o ar que respiramos, e sorrir o máximo que pudermos. O abraço que deixamos de dar hoje pode fazer falta amanhã. A taça de vinho que adiamos nunca será substituída. A próxima taça será sempre diferente daquela que deixamos para trás, que deixamos avinagrar, que deitamos fora. O destino é uma direção, um lugar aonde queremos chegar, com porto final, com estação terminal, com parada de ônibus e tudo, nada mais que isso. O destino, como muitos entendem, não nos conduz a nenhum lugar onde uma tristeza ou uma desgraça estejam nos esperando com uma armadilha ou numa tocaia. O destino nunca me levou a nenhum coração onde já cheguei e encontrei as portas abertas. Fazer promessas nunca foi destino e não havê-las cumprido muito menos. O que queremos ou desejamos num determinado momento pode ser bem diferente quando um novo dia raiar, mas isso não tem nada a ver com destino, mas uma nova escolha, uma preferência modificada de última hora. O destino á apenas uma forma de dizer, uma coisa vazia, sem nexo, sem direção e não é orientado por nenhuma bússola, além daquela do comodismo, da aceitação e do fato de alguém curvar-se diante de uma derrota ou de alguma coisa que não aconteceu como esperávamos. O destino nos leva a uma culpa da qual queremos fugir.


O destino é uma direção, um lugar aonde queremos chegar, com porto final, com estação terminal, com parada de ônibus e tudo, nada mais que isso.

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